Silas desiste da reeleição

julho 14, 2016

O prefeito de Lavras, Silas Pereira, anunciou que não será candidato à reeleição em outubro deste ano. A decisão foi publicada através de um vídeo e de uma carta aberta à população. No início do ano ele chegou a afirmar que iria tentar a vaga mas agora está fora da disputa de 2016. Confira a carta.

 

“Cidadãs e cidadãos de Lavras,

Hoje tomo uma importante decisão na minha vida pública e em harmonia com meu histórico de dedicação a Lavras e ao seu desenvolvimento educacional, social e econômico.

Faço isso de forma serena, honesta e sem nenhum interesse que vá além de pensar em contribuir com o futuro da cidade onde nasci e criei minha família com muito trabalho e simplicidade.

Talvez essa se torne uma das decisões mais corajosas de minha trajetória pública. Assim como também foi a minha total entrega nos anos de 1991- 1994 quando capitaniei o grupo que conseguiu realizar o sonho de transformar a ESAL na nossa UFLA. E no mesmo patamar, a minha total entrega à responsabilidade de ser prefeito de uma cidade, então, mergulhada numa crise política e institucional, como estava em 2014.

Lembro dos meus tempos de reitor da UFLA para reafirmar uma certeza: não é necessário ter mandato para se continuar trabalhando pela cidade. Quem pensa o contrário, na verdade, está negando a importância do cidadão comum como verdadeiro protagonista da história.

Quanto ao curto período de meu mandato, posso afirmar que ele teve grande intensidade e continuará tendo até o seu último dia.

Quem acompanha nossa silastrajetória na Prefeitura sabe que nossa equipe, como uma destemida tripulação, conduziu um barco, que nos foi entregue com o casco furado e pior, atravessando a maior tempestade já vista na história. A travessia está sendo possível porque tenho ao meu lado pessoas determinadas e “do bem”. Não tive e nem terei espaço para o trabalho por projetos de interesses partidários, de poder pelo poder ou a serviço da ” politicagem”.

Está sendo preciso agir tecnicamente para se conseguir manter os serviços públicos que são de competência do município e avançar naquilo que depende mais de criatividade e de decisão técnica do que de recursos.

Enquanto centenas de outros municípios fracassaram e vivem a prejudicar o atendimento a seus cidadãos, nós, em Lavras, nos doamos diariamente para evitar esse pior. Apesar de tudo, nosso município avançou como nunca num espaço de apenas 21 meses. Resolvemos problemas históricos como o lixão, as sedes da Câmara Municipal e da Secretaria de Saúde; terminamos importantes obras paradas há anos; reduzimos em cerca de 90% a incidência de dengue; promovemos mudanças corajosas e exitosas no trânsito; aprovamos a UPA e criamos a Procuradoria do município.

A saúde, principalmente se comparada ao que se vê pelo Brasil afora, vai muito bem. A educação nunca esteve tão bem servida de projetos realmente inovadores e eficazes.

Todas as metas do Desenvolvimento Social estão sendo cumpridas. Retomamos nossa vida cultural, com as Artes e seus jovens artistas a encherem as ruas de vida, sons e cores.

Enfim, mesmo tendo o desafio de ser prefeito exatamente durante a pior crise econômica e política da história do Brasil, conseguimos, com nosso trabalho e caráter, minimizar os efeitos em Lavras e no corpo de servidores municipais.

Exatamente a experiência no cargo de prefeito, na conjuntura em que tenho que cumprir essa missão, me levou a consolidar minha convicção contrária à reeleição.

Criar esse artifício para a perpetuação do poder foi o maior equívoco e a pior iniciativa de todo o mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

A reeleição trouxe a conseqüente possibilidade de perpetuação de um projeto de poder partidário e não de um projeto de nação. Era o que o expresidente Lula e o seu partido, o PT, tramavam quando veio à tona o Mensalão.

Foi por existir a reeleição que nosso país entrou nesta enrascada institucional de agora, onde se vive o mais promíscuo capítulo da nossa história política.

Era para chegar à reeleição que a senhora Dilma Rousseff enganou a nação e causou os males que estamos vivenciando.

Minha meta é entregar, para quem quer que seja, uma prefeitura organizada; com a máquina funcionando; sem sabotagens; sem licitações canceladas; com boa parte da dívida que herdei devidamente quitada e principalmente, com o espírito da honestidade e do trabalho em prol dos cidadãos comuns restabelecido como mandamento primaz e único. Para tanto vou me concentrar em continuar minha gestão como prioridade absoluta de meus esforços não me candidatando a novo mandato.

Tenho obsessão por entregar a minha cidade prosperando, principalmente no que se refere à capacidade de seus filhos compreenderem que a “politicagem” deve ser apenas um triste e curto capítulo da nossa grandiosa história.

Seguindo os ensinamentos de meu saudoso pai, Paulo Costa Pereira, coloco, assim, meu caráter acima de projetos. Cumprirei o mandato até o Silas Costa Pereira dia 31 de dezembro de 2016 com esse propósito.

Deixo o caminho para que a disputa política pela sucessão siga seu rumo natural, dentro da legalidade por parte de todos os candidatos. Nesse tempo, estarei, todos os dias, na Prefeitura e nas ruas, trabalhando como funcionário de vocês, cidadãos e cidadãs lavrenses.

Meu sonho é de paz.

Silas Costa Pereira”

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