Os meses de janeiro e dezembro são, historicamente, bastante chuvosos, não apenas em Minas Gerais, mas em toda a região Sudeste do país. A chamada média climatológica para janeiro prevê 296 milímetros de chuva neste primeiro mês do ano. E, com a possibilidade de chuvas intensas, alguns cuidados devem ser redobrados para manter a segurança em caso de enchentes, inundações, tempestades, entre outros riscos.
Para reforçar as medidas preventivas e de autoproteção, Minas Gerais já conta, também, com o reforço do Grupo Estratégico de Resposta (GER). Em sinergia, diversos órgãos estaduais, sob a coordenação do Gabinete Militar – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), traçam planos de ação para enfrentar problemas causados pelas chuvas e, consequentemente, garantir a segurança em cada Território de Desenvolvimento, com atenção regionalizada.
Intervenções junto à comunidade
Até o momento, segundo informações da Defesa Civil estadual, a principal ação dentro do período chuvoso foi o lançamento da Campanha de Autoproteção para o Período Chuvoso 2016-2017. Por meio dela, a estratégia é a divulgação de dicas de autoproteção em Blitze educativas, mídias sociais e na imprensa, com recomendações de segurança para o cidadão. Pontos de Belo Horizonte e de Contagem foram escolhidos justamente pelo histórico de alagamentos, em virtude das chuvas e também pela grande circulação de pessoas. Recomendações e informações foram repassadas aos cidadãos nas Avenidas Francisco Sá (Prado) e Vilarinho (Venda Nova), na capital, e na Avenida João César de Oliveira (Eldorado), em Contagem. Na segunda etapa das blitzen, foi a vez das intervenções em Ribeirão das Neves, Vespasiano e Santa Luzia, na RMBH. Foram abordados 1.313 automóveis, 253 motocicletas e seis ônibus, totalizando 3.125 pessoas participantes da ação educativa.
“Previamente ao período chuvoso, a Cedec/MG também capacitou mais de 600 agentes de proteção e defesa civil em todo o estado, investindo para que os municípios pudessem adotar ações preventivas e preparatórias aos riscos, não só decorrentes das chuvas, mas também de outras origens humanas ou naturais”, destaca o coordenador adjunto de Defesa Civil, tenente coronel Juliano Cançado.
A campanha segue até março, quando se encerra o chamado período climatológico das chuvas.
Panorama
Neste período, a Defesa Civil informa que as regiões do estado que têm merecido maior atenção estão no Leste, Rio do Doce e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), sobretudo por terem o maior número de eventos adversos registrados.
Segundo informações do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), que monitora constantemente os volumes de chuva e emite alertas para os órgãos de proteção e defesa civil, a tendência para a primeira quinzena de janeiro é a ocorrência de calor e de pancadas de chuva a partir da tarde. A exceção fica para territórios como Norte, Mucuri, Jequitinhonha e grande parte do Território Vale do Rio Doce, nos quais se prevê, no geral, a manutenção do clima quente e seco, sem chuvas.
Conforme dados do Boletim Estadual de Proteção e Defesa Civil divulgados até a segunda-feira (9/1), Três Corações e Lavras, no Território Sul, têm os registros mais expressivos da Cedec, no mês, quanto às ocorrências de destaque em situações de chuvas intensas. Na terça-feira (3/1), em Três Corações, o Corpo de Bombeiros local informou sobre quedas de árvores que atingiram casas e veículos e, ainda, sobre o alagamento de algumas vias centrais do município. A situação já está normalizada, de acordo com os órgãos de segurança. Já em Lavras, no último domingo (8/1), um veículo com quatro pessoas foi arrastado para dentro do ribeirão Tipuana, após tentar atravessar a ponte. Uma adolescente morreu e três pessoas foram resgatadas.
Até aqui, ainda de acordo com o boletim da Cedec, 17 municípios decretaram situação de emergência durante o período chuvoso e 12 foram atingidos por eventos adversos. No total, são 29 os municípios afetados pelo período chuvoso e nenhum decreto de estado de calamidade pública.
Os municípios que decretaram situação de emergência por conta do período chuvoso, até agora, são: Santo Antônio do Jacinto (Médio e Baixo Jequitinhonha); Pedra Azul (Médio e Baixo Jequitinhonha); Itueta (Vale do Rio Doce); Resplendor (Vale do Rio Doce); Marilac (Vale do Rio Doce); Manga (Norte); São Geraldo da Piedade (Vale do Rio Doce); Itaobim (Médio e Baixo Jequitinhonha); Além Paraíba (Mata); Itanhomi (Vale do Rio Doce); Rio Pomba (Mata); Belo Horizonte (Metropolitano); Ribeirão das Neves (Metropolitano); Central de Minas (Vale do Rio Doce); Mantena (Vale do Rio Doce); Vespasiano (Metropolitano) e Tocantins (Mata).
A Defesa Civil também registrou, no boletim de sábado (7/1), total de 2.396 pessoas desalojadas, 223 desabrigados, 21 feridos, 16 mortes e duas pessoas desaparecidas. O período chuvoso também e responsável pela danificação (738) e destruição (61) de casas e danificação (36) e destruição (18) de obras de infraestrutura.
Chuvas intensas
Confira, a seguir, dicas de autoproteção preparadas pelo Gabinete Militar do Governador, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, e trabalhadas como uma das ações pontuais do Grupo Estratégico de Resposta:
Ressalta-se, no contexto, que o aumento das chuvas também impacta na proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya. Minas Gerais, inclusive, vai receber R$ 16,7 milhões para o enfrentamento ao vetor, recursos destinados pelo Ministério da Saúde. Acompanhe as ações, orientações e campanha da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) em: www.saude.mg.gov.br/aedes. Outros cuidados
Em caso de enchentes e problemas causados pelas intensas chuvas, é importante que o cidadão atente para algumas medidas de proteção, até mesmo para evitar a transmissão de doenças e garantir a saúde. Em casos de inundações e enchentes, por exemplo, é necessário: observar a qualidade da água para consumo humano, que pode estar contaminada; verificar as condições dos alimentos e como protegê-los; ter cuidado com animais peçonhentos e leptospirose; limpar e higienizar a caixa d’água; entre outras medidas.
Outras dicas e orientações referem-se a cuidados em abrigos, em eventuais necessidades de deslocamento de pessoas, de famílias. Nesses ambientes, é preciso cuidar da recuperação emocional, com atenção ao convívio em ambiente coletivo, suporte às crianças, cuidados com o ambiente e a higiene pessoal, entre outros pontos importantes.
Contraponto
Embora seja comum a maior incidência de chuvas em Minas Gerais nos meses de janeiro e dezembro – e justamente por isso as estratégias de prevenção e segurança são intensificadas no período –, o que se observa, no entanto, é tendência de precipitações abaixo da média.
Técnicos do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge) apontam que, se na segunda quinzena de janeiro for observado o mesmo cenário, de apenas pancadas de chuva a partir da tarde, é bastante provável que o mês feche com chuvas abaixo da média histórica.
Caso isso se confirme, outros transtornos podem atingir a logística e controle do volume, por exemplo, do reservatório de Três Marias, para poder atravessar o próximo período seco (de junho a novembro). Atualmente, a represa, que compõe o Sistema Paraopeba e uma das principais usinas hidrelétricas do estado, está com o nível de água em 35,1% (número confirmado em 4 e 5 de janeiro pela Copasa e pela Cemig).
Grupo de Resposta
O Grupo Estratégico de Resposta (GER) foi criado pelo governador Fernando Pimentel, em dezembro, para atuar na prevenção e redução de riscos que podem ocorrer durante o período chuvoso. Trata-se de um reforço na estratégia de enfrentamento, a partir do monitoramento e balanço de tudo o que ocorre nos territórios, com proposição de ações regionalizadas, justamente para preparar Minas Gerais para situações de emergência. Fonte: Agência Minas