Número de 26 prefeituras que aderiram ao acordo ficou abaixo da expectativa das mineradoras, mas incorpora municípios populosos, como Ipatinga
Com a adesão na última hora de oito prefeituras, todas mineiras, o acordo de repactuação da reparação brasileira para os atingidos pelo rompimento de Mariana terminou às 23h59 de quinta-feira (06/03) com a inscrição de 26 municípios, dos quais 21 estão no curso principal dos rios atingidos – 20 de Minas Gerais e um do Espírito Santo – e por isso sofreram mais danos, teoricamente assim com mais a ser indenizado.
Não foi uma adesão em massa, como as mineradoras esperavam. A expectativa das empresas era de cerca de 30 prefeituras, das 49 possíveis, segundo apurou a reportagem do Estado de Minas. No último dia entraram Barra Longa, Fernandes Tourinho, Ipatinga, Raul Soares, São Pedro dos Ferros, Sem Peixe e Timóteo.
Com isso, outros 23 municípios continuam com a ação movida na Inglaterra contra a BHP, ao lado 620 mil atingidos, empresas e entidades religiosas representados pelo escritório internacional Pogust Goodhead. A indenização pleiteada é de R$ 268 bilhões (36 bilhões de libras).
No acordo de repactuação serão R$ 170 bilhões, dos quais R$ 38 bilhões já são considerados pagos por investimentos anteriores, R$ 6,1 bilhões para o caixa de municípios, R$ 58,5 bilhões para ações de reparação ambientais, sanitárias e outras nos territórios atingidos.
A tragédia de Mariana, em 5 de novembro de 2015, marcou o maior desastre ambiental do Brasil, com o rompimento da Barragem do Fundão liberando 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos na Bacia do Rio Doce. Esse evento devastador resultou em 19 mortes e impactos socioambientais que se estenderam por Minas Gerais e Espírito Santo, atingindo até mesmo o mar.
Ingressaram na ação de repactuação 20 municípios mineiros: Barra Longa, Bugre, Caratinga, Córrego Novo, Dionísio, Fernandes Tourinho, Iapu, Ipatinga, Marliéria, Pingo-d’Água, Ponte Nova, Raul Soares, Rio Casca, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Santana do Paraíso, São Pedro dos Ferros, Sem-Peixe, Sobrália, Timóteo) e seis capixabas (Anchieta, Conceição da Barra, Fundão, Linhares, São Mateus e Serra. Linhares, que completa a lista dos 21, é do Espírito Santo.
Desses, 21 são municípios banhados diretamente pelos rios Galaxo do Norte, do Carmo e Doce, que foram impactados (Barra Longa, Bugre, Caratinga, Córrego Novo, Dionísio, Fernandes Tourinho, Iapu, Ipatinga, Linhares, Marliéria, Pingo-d’Água, Ponte Nova, Raul Soares, Rio Casca, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Santana do Paraíso, São Pedro dos Ferros, Sem-Peixe, Sobrália e Timóteo).
Esses municípios que sofreram os danos ambientais e de abastecimento mais diretos por terem tido contato direto com os rejeitos lançados pelo rompimento da Barragem do Fundão totalizam uma população de 765.199 (senso IBGE 2022). O município mais populoso é Ipatinga, com 227.731, e o menos populoso é Sem Peixe, com 2.433.
O município mais devastado e que tem a maior indenização a receber é Mariana, que segue na ação da Inglaterra. O município mais populoso da bacia hidrográfica é Governador Valadares, com 257.171 habitantes e que também não assinou o acordo de repactuação.