Prefeitura de Ribeirão Vermelho cria projeto “Tolerância Zero” para defender mulheres

agosto 14, 2018

A Prefeitura de Ribeirão Vermelho (MG) está desenvolvendo um projeto de combate a todo tipo de agressão contra mulheres. A iniciativa foi colocada em prática depois que três secretárias foram alvo de agressões.


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As funcionárias da prefeitura já vinham se sentindo incomodadas como eram tratadas por alguns homens que procuravam atendimento no prédio, mas no dia 31 de julho um fato específico trouxe à tona o sentimento de todas. Por 20 minutos, um homem ficou ofendendo verbalmente as funcionárias.

tolerancia zero

A estagiária Clara Claret foi quem fez o atendimento. Ela diz que nunca imaginou que passaria por tantos insultos no trabalho.

“Que eu não era ninguém, que eu tinha chegado aqui há pouco tempo, que eu não tinha noção do problema para estar querendo resolver”, conta. “[Ele parou] quando chegou um homem que trabalhava com a gente. Aí ele tentou conversar com ele e, assim que ele já se apresentou, ele já baixou a voz e já começou a falar civilizadamente com ele”.

Segundo a administração municipal, em um ambiente onde 80% dos funcionários são mulheres tem sido comum relatos de assédio moral. Foi o que aconteceu com a secretária de Saúde Vânia Cristina da Silva, que foi ofendida três vezes, a última por telefone.

“Eles queriam que eu resolvesse tal problema, não aceitavam os trâmites legais em que a secretaria está acostumada a atender. E que deve ser atendido. Mas eles não aceitavam. Eles queriam naquele exato momento e daquela forma. E alteraram a voz comigo”, conta.

Há 13 anos como funcionária pública, ela chegou a pensar em deixar o cargo e diz que o tom das conversas e o conteúdo ultrapassaram o limite da relação de trabalho.

“Você atende um paciente bem, você está ali todos os dias cumprindo com seu dever e simplesmente você é agredida verbalmente, com total desrespeito”, afirma.

A tesoureira Elizabeth Machado da Silva passou por algo parecido. Foi intimidada e ofendida por um homem que tentava retirar um documento atrasado. “Aí ele me chamou de irresponsável, me chamou de incompetente. E eu me senti, assim, lesada, pela agressão verbal dele”, diz.

Os casos serviram como incentivo e, com base na campanha nacional do Agosto Lilás, foi criado um movimento local de tolerância zero ao machismo. São ações de educação e conscientização sobre o papel da mulher na sociedade, como a distribuição de uma cartilha para crianças orientando sobre o comportanto.

Além disso, entre as ações, são oferecidas aulas de luta e capoeira só para mulheres. Muitas já foram em busca da atividade como forma de defesa.

“A mulher vai ter mais autocontrole, ela vai ter mais confiança. Ela vai conseguir dominar uma pessoa mais forte, até mesmo um homem”, ressalta o professor Daniel Xavier.

“Eu não quis por o segurança lá embaixo, não quero acuar. Eu quero que eles entendam pela forma educativa, então esse trabalho todo do ‘basta’, de tolerância zero, ele tem a ver com isso, de demonstrar para o homem que ele não pode chegar no ambiente de trabalho da mulher e se sentir empoderado, de querer gritar, acuar as mulheres”, afirma a prefeita Ana Rosa Mendonça (PSD).

Fonte: G1

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