Campo Belo, Nepomuceno e Perdões estão entre as cidades do Sul de Minas com mais casos de dengue em 2019

junho 27, 2019

Algumas das cidades com maior número de casos prováveis de dengue em 2019 no Sul de Minas já têm registros que superam os dos últimos cinco anos. Na região, em pelo menos quatro cidades com situação mais crítica de casos de dengue, esta é a realidade.


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O levantamento foi feito pelo G1 com base em dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Foram considerados para o levantamento oito municípios que sofrem ou sofreram com os altos índices da doença nos últimos anos.

Os dados levam em conta os casos prováveis da doença ao longo de todo o ano de 2015, 2016, 2017 e 2018 e de janeiro a junho de 2019. O últimos números foram divulgados no boletim atualizado da SES em 25 de junho.

Das oito cidades consultadas junto à secretaria, quatro já têm a pior situação desde 2015. São elas: Cristais, Passos, São Sebastião do Paraíso e Três Pontas. Veja a tabela:

Casos prováveis de dengue

Cidades 2015 2016 2017 2018 2019
Cristais 2 16 1 0 709
Passos 1320 1253 132 189 3109
São Sebastião do Paraíso 1234 395 20 62 1751
Três Pontas 1482 525 223 31 1819

Os dados mostram que Cristais, Passos e São Sebastião do Paraíso já registram de janeiro a junho de 2019 mais casos prováveis de dengue do que o acumulado de 2015 a 2018. Três Pontas, mesmo fora dessa realidade, já registra em 2019 mais casos prováveis da doença do que cada um dos últimos quatro anos de janeiro a dezembro.

Altos índices

Passos é a cidade do Sul de Minas com maior número de casos prováveis de dengue em 2019. Os mais de 3 mil registros na cidade deram um salto, comparado a 2017 e 2018, quando o município conseguiu abaixar o número de casos.

O diretor de Saúde Coletiva do município, Thiago Salum, reconhece que houve falha nos trabalhos da prefeitura nos últimos anos na prevenção à doença.

“O que aconteceu na cidade foi que o trabalho foi enfraquecido nos últimos anos. Houve sim uma acomodação. O que aconteceu também foi que começou a circular um novo tipo de vírus na cidade, um vírus diferente, que a gente não tinha acometido as pessoas com doenças”, explica o diretor.

Segundo Thiago, o déficit no número de agentes de saúde também foi um fator. Até o ano passado, a média de imóveis visitados em ações da prefeitura não passava de 60%. A prefeitura alega que fez a contratação de novos agentes e conseguiu aumentar a cobertura de casas visitadas para 80% no período entre maio e junho de 2019.

Prefeitura de Passos (MG) teve déficit de agentes de saúde em 2019 — Foto: Helder Almeida

Prefeitura de Passos (MG) teve déficit de agentes de saúde em 2019 — Foto: Helder Almeida

“A gente também tem uma parceria com a promotoria do município, e está conseguindo muitos mandados judiciais para limpeza, para fazer remoção do entulho. Chegamos a cumprir de três a quatro mandados por semana”, afirma o diretor.

No entanto, os casos continuam a subir na cidade, mesmo com o início do inverno. A intenção é já começar os trabalhos para prevenir problemas em 2020.

Mesma realidade é a de Três Pontas, que de 2015 a 2018 tinha conseguido reduzir a incidência de dengue, mas teve novo salto em 2019. Cristais vem como mais um destaque negativo. Considerada a quarta cidade no ranking de mais registros no Sul de Minas, o município tinha fechado 2018 sem nenhum caso de dengue – agora, o número de casos prováveis já está em 709.

Dengue já supera número dos últimos 5 anos em algumas cidades do Sul de MG — Foto: Fiocruz/Divulgação

Dengue já supera número dos últimos 5 anos em algumas cidades do Sul de MG — Foto: Fiocruz/Divulgação

No último boletim da SES, divulgado no dia 25, foi confirmada a terceira morte por dengue no Sul de Minas. Além dos dois óbitos em Passos, agora entrou nos registros uma morte em Campos Gerais. A cidade aparece em 11º na lista de municípios com mais casos prováveis. Confira:

  1. Passos – 3.109
  2. Três Pontas – 1.814
  3. São Sebastião do Paraíso – 1.752
  4. Cristais – 704
  5. Nepomuceno – 618
  6. Guaranésia – 597
  7. Boa Esperança – 583
  8. Alfenas – 539
  9. Campo Belo – 480
  10. Perdões – 411
  11. Campos Gerais – 382

Com a morte de uma mulher de 65 anos, o município de Campos Gerais entrou em estado de alerta. “O óbito ocorreu em abril e teve todo um processo de investigação, porque a paciente tinha outras complicações”, explicou o coordenador de Vigilância em Saúde, Cleiton Ribeiro, em entrevista à equipe da EPTV, afiliada da Rede Globo.

A cidade teve um surto da doença em março de 2019, com 90% dos casos concentrados em apenas um bairro. Foi criada uma lei municipal para notificar moradores e aplicar multa de R$ 75 por larva confirmada do Aedes aegypti, a quem não manter casas e terrenos limpos.

Agentes visitam casas em bairro onde surto de dengue aconteceu em Campos Gerais (MG) — Foto: Reprodução/EPTV

Agentes visitam casas em bairro onde surto de dengue aconteceu em Campos Gerais (MG) — Foto: Reprodução/EPTV

O salto em um ano

Mesmo as outras quatro cidades consultadas pelo G1 que ainda mantém a média dos últimos cinco anos, os números deram um salto no comparativo entre 2018 e 2019. São elas Alfenas, Lavras, Três Corações e Varginha.

Apesar de não estarem no raking de cidades com mais casos prováveis em 2019, elas tiveram altos números, principalmente em 2015 e 2016. No acumulado dos últimos cinco anos, Alfenas por exemplo, teve 6942 casos prováveis, número maior que Passos, que registrou 5985 de 2015 a 2019.

Mesmo com reduções significativas em 2017 e 2018, a dengue voltou a crescer em Alfenas. Já em Varginha, 2018 foi o ano com menos casos desde 2015 – foram 42 registros, segundo a SES. O número é bem inferior comparado a 2016, quando o município registrou 3058 casos prováveis.

Ações preventivas e nova doença

Segundo Janaina Fonseca Almeida, diretora de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, são vários os fatores que levaram os municípios do estado a enfrentarem mais um ano difícil no combate à dengue.

“Tem a questão do município não ter feito as ações que deveria em época de prevenção, mas também a mudança de perfil epidemiológico que a gente viu em todos os locais do estado. Foi comum em vários locais que não tinham esses acontecimentos de casos e estão com o número bem maior”.

A Secretaria de Estado de Saúde trata 2019 como um ano epidêmico, com os registros em época mais prolongada que o usual. “A gente estava esperando um perfil parecido com o de 2010, mas passou quase o ano de 2016 como ano que teve a maior epidemia”.

Saúde aponta novo tipo da dengue como um dos fatores para aumento de casos — Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Saúde aponta novo tipo da dengue como um dos fatores para aumento de casos — Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Segundo Janaína, é possível traçar alguns agravantes que fizeram de 2019 um ano de altos índices da doença. “O frio demorou a chegar, então a estação mais quente se prolongou junto com as chuvas. Além disso, teve a circulação da dengue vírus tipo 2. Era um vírus que não circulava de forma tão intensa no estado desde 2011, quando começou. E é um vírus que a população toda é suscetível, então não tinha proteção nenhuma contra ele”.

O vírus tipo 2, segundo o setor de saúde, leva a mais internações e óbitos.

O que pode mudar

Segundo a diretora, com a chegada do inverno, o momento é de planejamento das prefeituras e setores de saúde para frear os casos de dengue, já de olho em 2020. “Agora é a hora da fase de preparação, de organização para a epidemia que virá no ano que vem se as ações não forem realizadas de forma correta. Então, todo o trabalho dos agentes de combate às endemias é importantíssimo de eliminação dos focos”.

Outro ponto é a mobilização dos moradores. “80% dos focos estão dentro dos domicílios. Então é necessário o trabalho tanto dos agentes, quanto a mobilização social”.

Passos tem maior número de casos de dengue registrados no Sul de MG — Foto: Reprodução EPTV

Passos tem maior número de casos de dengue registrados no Sul de MG — Foto: Reprodução EPTV

Fonte: G1

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