Moradores de cidades que dependem da água do Rio Grande sofrem com desabastecimento

setembro 23, 2019

Moradores de municípios abastecidos pelo Rio Grande no Sul de Minas estão sofrendo com falta de água frequente devido à estiagem. Ao todo, 107 cidades são banhadas pela bacia do Rio Grande, sendo que 55 ficam na região Sul.

Em Perdões, por exemplo, a captação de água funciona as margens do Rio Grande. O local fica a cerca de um quilômetro da Usina do Funil, mas mesmo assim, na semana passada faltou água na cidade.


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“A Represa do Funil tem uma vazão mínima compactuada com a Copasa de 60 metros cúbicos por segundo. Essa vazão ficou abaixo do limite estipulado e, com essa falta, as bombas desarmaram, causando o desabastecimento da nossa cidade”, explica Leocordeiro Moreira, secretário de Administração de Perdões.

Sem água, a Santa Casa correu risco de cancelar atendimentos, já que o reservatório só tem capacidade pra atender por 24 horas o único hospital da cidade.

“A informação que nos deram é que não poderiam fazer nada, que não tinha o que a Copasa fazer. Para não fechar o hospital, nós fomos atrás do pessoal da prefeitura, Secretaria de Saúde do município, e através do prefeito, foi onde veio o caminhão que trouxe água o suficiente para dois dias do hospital”, diz Aderlei Freire, provedor do hospital.

O empresário Erli Aparecido de Sá também foi pego de surpresa e precisou parar por dois dias a produção de blocos de cimento. Ele diz que teve prejuízo de mais de R$ 3 mil.

“Como eu pago uma taxa maior, acho que deveria avisar para a gente que ia faltar água para que não produzisse, né? Dispensasse os empregados, fizesse outra coisa”, diz.

Municípios abastecidos pelo Rio Grande sofrem com falta de água no Sul de Minas — Foto: Reprodução EPTV

Conflito de interesses

Pra o especialista Afonso Henrique Moreira Santos, há um conflito entre a operação de energia da usina e a captação de água, já que na Política Nacional de Recursos Hídricos, a prioridade é o abastecimento humano.

“Nós ainda vemos que, no caso brasileiro, quem opera os reservatórios, quem decide como operar, é o setor elétrico. E daí vêm conflitos como esse que estamos vivendo agora, abastecimento urbano e a questão da geração de energia elétrica na Usina do Funil”, afirma.

A Prefeitura de Perdões também não descarta outras medidas para conter a falta de água.

“Eu gostaria de pedir à população que economizasse água na medida do possível, porque existe o risco sim de desabastecimento e talvez até de um racionamento pela Copasa”

Com nível baixo, captação de água é comprometida no Rio Grande — Foto: Reprodução EPTV

O que dizem os envolvidos

A Usina do Funil informou que no dia 6 de setembro houve a abertura das comportas do vertedouro da usina, mas que tratou-se de atividade operativa que segue as normas estabelecidas pelo Operador Nacional do Sistema (ONS)e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A administração afirmou ainda que não existe relação entre a água utilizada pela usina para geração de energia e a água utilizada para abastecimento das cidades.

Já a Copasa afirmou que o abastecimento está sendo realizado normalmente e que após uma reunião com a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), responsável pela operação da Usina do Funil, ficou definido que a liberação de água estará sempre ajustada com as necessidades da Copasa.

Em Perdões, a companhia realiza a captação de 80 litros por segundo de água no Rio Grande, para o abastecimento do município.

Fonte: G1

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