Cuidado para não cair no golpe do falso médico na pandemia

abril 19, 2021

Famílias que têm um parente internado com COVID-19 em hospitais particulares ganharam mais um motivo para se preocupar. Estelionatários estão aplicando o chamado golpe do falso médico, aproveitando-se da pandemia do novo coronavírus.

A maioria das unidades de saúde tem placas avisando que os pagamentos só podem ser feitos no local e que nenhum funcionário telefonará para pedir transferências em dinheiro. Mas, muitos familiares mal conseguem pesar as informações quando recebem uma ligação avisando que o quadro do ente querido pode piorar sem um determinado exame ou medicamento.


Continua depois da publicidade...

É nesse momento que os criminosos, que geralmente têm em mãos os dados do paciente internado, capturam a atenção da vítima. Eles pedem um depósito para garantir que um determinado procedimento seja feito, e que o plano de saúde estaria se recusando a pagar. Foi o que aconteceu com Juliana Fontes* (nome fictício), que recebeu a notícia de que o pai, internado com COVID-19, estaria com uma infecção generalizada. O homem de 62 anos, diabético, havia lutado contra um câncer. Assustada, a família passou dados pessoais para os estelionatários.

O pai de Juliana estava em um hospital particular do Distrito Federal quando recebeu ligação no telefone do apartamento em que se tratava. Acreditando ser um contato feito dentro da própria unidade de saúde, o paciente passou o número da esposa para que ela resolvesse a situação.

A família se surpreendeu com a quantidade de informações que o estelionatário, que se identificou como o médico Rafael Menezes, parecia ter. “A pessoa ligou no telefone dela (mãe). Tinha que passar questões do quadro do meu pai. Dizendo que ele estava com uma infecção.E nós estávamos esperando o exame de infecção. As informações casam muito. Ele disse que era grave. Todos os dias a infeção poderia avançar de 4% a 8%”, lembra a vítima.

O falso médico cobrou R$ 9 mil da família. Juliana desconfiou depois que disse que conseguiria o dinheiro, mas pagaria ao hospital. “Ele disse que era para transferir por Pix. Eu avisei que pagaria no hospital. Mas ele respondeu que não tinha como. Que para liberação imediata, teria que haver uma transferência. Ele pressionou para dar uma entrada. Nem imaginamos que seria tudo mentira”, relata a mulher.

Enquanto o criminoso passava os dados para uma transferência bancária, familiares procuraram um médico que trabalha no hospital. O profissional alertou que era um golpe. “Não só o dinheiro, como a infecção. Foi um choque! Depois joguei no Google. Tem bastante golpe com esse Rafael Menezes”, explica Juliana.

Crime interestadual

O delegado-chefe adjunto da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), Maurício Iacozzilli não fala em números, mas admite que houve aumento de casos do golpe do falso médico no DF. Segundo ele, os estelionatários, normalmente, são de outros estados, usam contas bancárias em nome de laranjas e costumam transferir o dinheiro furtado entre diversas contas. Por isso, em casos como esse, é mais difícil que as vítimas consigam reaver os valores subtraídos. “Não sabemos como eles têm acesso a uma pessoa internada em hospital particular. ”, afirma.

Iacozzilli destaca que, normalmente, a Polícia Civil do DF consegue encontrar os estelionatários. “Mas eles pegam muitas contas de laranja. Pegam CPFs de pessoas mais pobres, até de moradores de rua. O dinheiro é pulverizado para outras contas. E como envolve outro estado, demora mais. Chegamos aos autores. Mas, dificilmente, a vítima tem o prejuízo ressarcido. Eles nunca compram bem em nome deles. É sempre em nome de um laranja. As pessoas tem que estar atentas. É uma situação que envolve o emocional da vítima, então tem que prestar atenção na cobrança. Não faz sentido uma conta no Mato Grosso para pagar um hospital particular do DF”, recomenda.

Como se prevenir

» É importante ficar atento. Hospitais não podem mais cobrar o cheque caução.

» Em casos de emergência em que o plano de saúde não cobre um determinado exame, estabelecimentos de saúde têm que fazer o procedimento e cobrar depois.

» Profissionais de saúde não vão se arriscar a deixar um paciente morrer para esperar um pagamento, ou podem ser responsabilizados.

» Observar a conta passada por telefone, que não pode estar em nome de uma pessoa física nem ser de outro estado.

» A regra é fazer qualquer pagamento na unidade de saúde.

» Em caso de suspeita, antes de fazer o pagamento, é importante procurar o hospital. E, ao constatar a tentativa de golpe, ir à polícia.

Fonte: Estado de Minas

Deixe aqui o seu comentário:



Economia


© 2016-2024 Lavras.TV